sábado, 11 de outubro de 2008

INTERCÂMBIO INTERNACIONAL COM ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS- ANAS, FRANÇA

Centro de Acolhimento Temporário de Crianças em Risco “Mãe d’Água”

Visitámos um Centro de Acolhimento Temporário para Crianças dos 0 aos 4 anos. O tempo de internamento das crianças não excede geralmente o período de 1 ano. As crianças são colocadas após decisão judicial. Tratam-se de crianças abandonadas ou em perigo. É efectuado um trabalho com os pais pelo pessoal da Instituição em conjunto com a responsável da Segurança Social. Após a sua colocação institucional estas crianças podem regressar a casa com um acompanhamento, ser recebidas por uma família de acolhimento ou ser adoptadas. O pessoal é composto de 12 intervenientes, educadores, psicólogos, médicos, professores e auxiliares educativos. A Directora Técnica é uma Assistente Social. O pessoal ocupa-se de 30 crianças, tendo cada criança um responsável por ela. A estrutura é acolhedora. As crianças partilham um quarto para 4 pessoas. Seguem na Instituição a sua escolaridade. O estabelecimento é financiado pelo Estado e fundos privados. O pessoal articula com a Segurança Social que representa o Estado. A designação de Segurança Social significa o mesmo que os nossos serviços de polivalência, de assistência social à criança e saúde.
O sistema de protecção à criança consiste em informar os Assistentes Sociais da Segurança Social sobre as crianças em risco, sendo depois realizada uma averiguação por esses serviços. São feitas propostas de intervenção aos pais. Se estes recusam e se a criança está em risco a justiça é informada e uma decisão judicial, mesmo sem o acordo dos pais, é tomada.
Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia do Porto

O Serviço de Oncologia para crianças dos 0 as 16 anos é composto dum serviço de internamento e dum serviço de ambulatório. O financiamento é público mas associações de luta contra o cancro desempenham aqui também um papel importante.
No serviço ambulatório os pais esperam com as crianças numa sala de espera separada dos outros serviços, as crianças efectuam tratamentos de quimioterapia e são observadas em consultas médicas de acompanhamento.
Se o seu estado clínico não lhes permite de seguirem um tratamento em regime ambulatório são hospitalizadas. A mãe ou pai podem permanecer ao seu lado durante o período de internamento. O acompanhante faz as suas refeições no mesmo local que o pessoal hospitalar. As crianças continuam a sua escolaridade mesmo em internamento hospitalar. A equipa hospitalar reúne todas as Segundas-feiras para discussão dos novos casos e dos doentes internados. Todo o pessoal incluindo a Assistente Social realiza um acompanhamento directo constante com todos os pais e crianças doentes.
O Serviço Social está localizado no piso da entrada da Instituição junto a serviços administrativos. As Assistentes Sociais têm gabinetes de permanência para receber as famílias dos doentes. A Assistente Social do serviço de oncologia pediátrica pode atender as famílias no Serviço de Pediatria ou no gabinete de Serviço Social.
Ela trabalha em articulação com o pessoal do Serviço e das estruturas da comunidade. Tem dossiers organizados para os requerimentos de subsídios do Estado. Actualmente um dos pais pode suspender a sua actividade profissional para prestar assistência ao filho doente e receber uma prestação do Estado. No entanto, este subsídio é destinado apenas se a criança tiver até 12 anos de idade. O Serviço Social apela que esta prestação seja atribuída às crianças com doença crónica até aos 18 anos.

Escrito por Christine Windstrup – Junho 2008


IMPRESSÕES DO GRUPO DAS CINCO SOBRE AS VISITAS SOCIAIS EFECTUADAS, ORGANIZADAS POR CRISTINA MARTINS
Véronique Barré, Michèle Chaumeau, Marie-Geneviève Mounier, Marie-Andrée Sadot, Christine Windstrup

« Duas visitas onde tive o sentimento de perceber uma grande qualidade nas relações profissionais/utentes/institucionais, e o respeito pelos profissionais e seu papel; tudo isto num contexto relacional caloroso”

“Nas 2 visitas apreciei particularmente a qualidade, o calor do acolhimento estampado no olhar dos utentes e o grande profissionalismo dos intervenientes também no que respeita às crianças como às famílias. A preocupação com a ética é muito grande e a qualidade da relação de ajuda está bem presente em cada interveniente. Bravo pela afirmação na vida quotidiana dos fundamentos do Serviço Social.”

“ Estas 2 visitas foram muito complementares. Permitiram-nos perceber a evolução dos serviços médico-sociais num outro país europeu e igualmente melhor compreender os valores subjacentes. Estes valores perecem determinantes e têm efectivamente um impacto forte em termos de concepção destas diferentes estruturas de serviços, das suas modalidades de organização e de financiamento.
Estes intercâmbios permitem-nos também melhor avaliar a evolução dos serviços médico-sociais franceses num contexto europeu”

“Estas 2 visitas mostram o lugar real do utente, o respeito dos profissionais ao seu serviço, as relações calorosas e tão construtivas entre os utentes e os profissionais. Também se pôde notar as relações cordiais entre profissionais de hierarquias diferentes”

“Eu apreciei muito esta convivência. Reparei na importância da posição de utente, do acompanhamento às famílias e seguimento. Também constatei que os serviços públicos e os privados trabalham bem em conjunto. Fiquei contente de ver as semelhanças das funções da Assistente Social (exemplo do Hospital) e do sistema de protecção social. Espero que tal nos una para combater em conjunto os disfuncionalismos dos sistemas actuais.”


…E OBRIGADA CRISTINA PELA TUA DISPONIBILIDADE

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